Nuno Álvares Pereira - Patrono do EMGFA

2024.01.22



Em 1415, quando do desembarque em Ceuta, o rei D. João I e os infantes, seus filhos, não avançaram sem pedir conselho e apoio a Nun' Álvares, que contava já com cinquenta e cinco anos de idade. A documentação disponível revela-nos o modo como o Condestável conduziu e supervisionou aquela operação militar. As crónicas mostram-nos um D. Nuno que deixa os infantes e o rei fazerem o seu trabalho, mas que se posiciona sempre de modo a poder intervir nos momentos mais críticos: controlou a esquadra debaixo de uma tempestade, socorreu o rei e o infante D. Duarte, junto à porta de Fez, quando o combate parecia estar a pender em favor do inimigo; dias mais tarde planeou uma surtida para dissuadir contra-ataques à praça recém-conquistada. No final recusou o cargo de fronteiro de Ceuta e instruiu o primeiro capitão, D. Pedro de Meneses.


Nessa altura, D. Nuno era um comandante maduro, experimentado, que tinha sido excecionalmente ativo. Em 35 anos de carreira (de 1381 a 1415) venceu três batalhas campais – Atoleiros, Aljubarrota e Valverde – e por pouco não entrou em mais duas ou três. Desafiou inimigos poderosos para combates singulares. Comandou muitas incursões em território inimigo. Ceuta foi a sua última operação militar e nela teve o papel central de conselheiro do seu rei, de incontornável planeador e organizador, de comandante da esquadra e da hoste, de tutor e protetor dos infantes e de organizador do espaço, após a conquista da praça.

​Em 1415 são evidentes, no Condestável, caraterísticas de um homem maduro, mas jovem e puro no espírito: a sabedoria, adquirida ao longo de anos de experiência; a clarividência, resultado da concentração em si próprio de um manancial de informação de primeira importância militar; a incontestada capacidade pessoal de comando e sentido de oportunidade, posicionando-se sempre no lugar da ação onde era mais necessário, quer no mar, quer em terra; e a consciência de servir educando, protegendo e acautelando os riscos futuros.